Segunda-feira, 6 de janeiro.
Este dia eu acordei bem cedo, com aquela ansiedade de retornar ao trabalho depois de 15 dias de recesso. Apenas 10 segundos depois de abrir os olhos (e checar o celular) eu descobri algo que me motivou durante a semana toda: Fernanda Torres ganhou o Globo de Ouro.
Esse texto não é pra enaltecer a dona dos nossos corações, mas pra falar do cotidiano. Hoje é domingo, dia que dá pra olhar as coisas devagar e ver a beleza que tem nisso. Fica até o final porque eu prometo Fernanda Torres e a beleza dos dias comuns se conectam.
👆 Se você também ouve essa música e sente um frio na barriga, a gente tá na mesma bolha.
🏆 Efeito Fernanda Torres
Passei a segunda-feira sorrindo pro celular, apaixonada, assistindo e curtindo todos os vídeos da Fernanda Torres sendo premiada, a reação dos presentes, o pós-prêmio, os memes e os cortes de entrevistas desenterrados ao longo dos anos, que mostram faces da Fernanda, gente como a gente, buscando um lugar ao sol.
Na véspera da premiação, ela postou uma foto de bastidor agradecendo aos seguidores e espectadores pelo filme Ainda Estou Aqui ter chegado até ali e completou com a frase que um monte de gente deve ter tatuado:
A vida presta, e muito! ❤️🌹
E ela nem sabia que seria premiada.
👆 O post oficial com a frase que não tatuei, mas imprimi e colei na parede.
⌛ Meu dia vai chegar?
Eu costumo me questionar, e não é de hoje, se algum dia eu vou ter o meu momento, sabe. Se algum dia eu vou estar loucamente apaixonada pelo meu trabalho ou se eu serei reconhecida como A TAL DA PESSOA QUE FAZ TAL COISA DE FORMA INCRÍVEL ou coisa parecida. Mas aí, 40+, entendi que não funciona assim.
Vão ter dias em que sim, eu serei reconhecida por algo muito incrível (que pode ser ter feito uma sobremesa que foi sucesso absoluto no Natal da família ou ter feito um trabalho que foi destaque na área), mas aquilo vai durar um momento muito breve e, com sorte, o brilho disso vai prevalecer por um tempo.
Por outro lado, tenho percebido o seguinte: o que faz a grande diferença e o que é o mais importante são os dias comuns.
Ainda essa semana, numa conversa informal no trabalho, meu chefe falou sobre não se preocupar muito em estabelecer metas pessoais, mas focar em construir o que ele chamou de rotina perfeita. Nessa rotina a gente coloca as coisas que são importantes de serem feitas diariamente, as pequenas coisas que, feitas repetidamente, podem trazer benefícios pra gente ao longo do tempo.
É preciso ter constância, meu amigo.
A Fernanda mãe, a Montenegro, no documentário Tributo - Fernanda Montenegro, fala uma coisa que eu também escrevi e colei na parede: Eu sou uma mulher de ofício. Ser uma mulher de ofício é ser alguém que faz constantemente o tem que ser feito, independente de motivação. E continuar fazendo.
Fernanda Torres não ganhou o globo de Ouro da noite pro dia. Antes de fazer Eunice Paiva ela fez Vani, Fátima, Fernanda, Renée, Maria Lucia, Elaine, Vidinha, Carlota e tantos outros personagens que passaram despercebidos pelo ChatGPT.
E é engraçado pensar que todas as grandes coisas são conquistadas com uma sequência de dias absolutamente comuns.
Mas agora eu quero falar menos sobre conquistas e mais sobre o comum, onde toda beleza está.
📆 O dia que
O dia que tô escrevendo esse texto é um dia comum:
Tomei um café preto, sem açúcar, comi 2 ovos mexidos, porque não tinha pão e também uma fatia de chocotone que passei na frigideira com manteiga. Enquanto preparava isso deixei a TV ligada na Globo, mas no mudo (pra dar a sensação de gente em casa) e coloquei o podcast “Não Inviabilize” pra tocar. Saí pra trabalhar e na hora do almoço percebi que esqueci os óculos de sol em casa e xinguei porque tenho sensibilidade à luz. Voltei de ônibus pra casa porque ele para quase em frente ao supermercado e eu precisava comprar pão, guardanapo, peito de frango, limão e tomate. Cheguei em casa, comi duas bananas com amendoim, vesti uma roupinha de ginástica e saí pra andar por pelo menos 20 minutos. Na volta, contei pro porteiro da noite que finalmente encontrei a barata que num outro dia eu tinha pedido que ele me ajudasse a matar e não a encontramos. A barata tava morta, graças a Deus.
Enquanto isso, num outro universo:
Zeca perdeu a hora e correu pra pegar o ônibus pro trabalho, ônibus este que acabou quebrando no meio do caminho. Ele aproveitou pra comer um pastel, correu mais uma vez pra não perder o novo ônibus e chegou em Betim, na escola em que trabalhava como bibliotecário, atrasado. A secretária, Luíza, foi até ele pra dizer que esses atrasos dele não tavam bons e que, por ordem da diretora ele seria desligado. Mas Luiza também ofereceu uma carona pra ele de volta pra BH. E num dia cheio de cotidianidades, eles se conheceram de outra forma.
Esta é a história de um filme que eu assisti recentemente e me tocou em muitos pontos: O dia que te Conheci, de André Novaes.
Dá pra ver o filme aqui. Assista!
O filme tem um tempo que é das coisas do dia a dia: o tempo de ver o personagem deitado na cama, dormindo e ver que o quarto tá meio desarrumado como todo quarto é desarrumado quando a gente tá dormindo.
Ele te coloca em situações cotidianas tipo essa: Zeca tá dentro do ônibus indo pro trabalho. Na cadeira da frente tem um senhor vendo fotos do neto, no celular. A câmera mostra o telefone como se a gente tivesse olhando por cima do ombro do senhor. E por conta do ângulo da câmera e do tempo de duração da cena, a gente se sente um passageiro daquele ônibus, bisbilhotando o aparelho de um deesconhecido pra ver as fotos da criança fofinha.
E é nesse ritmo de dia comum que a gente acompanha a jornada de Zeca e Luiza e a sucessão corriqueira dos acontecimentos que acabam mudando a vida dele. E por mudando a vida dele eu não quero dizer nada muito drástico. Uma coisinha simples que muda outra ali e quando vê já foi.
Nesse filme, saber a história não é o importante, assistir tudo acontecendo sim.
O filme é um deleite pra quem mora/ já morou/ ama Belo Horizonte ou é mineiro. Tem vários detalhes gostosinhos de identificar que são bonitos demais da conta. E a trilha sonora é muito boa, com FBC, Djonga, Lamparina, Sérgio Pererê, Chama o Síndico e outras. Só música boa.
Não paro de ouvir Encontro com a Saudade, de Alaíde Costa. Me emocionei muito nessa parte do filme.
🌱 Hoje é dia
Num dos inúmeros vídeos de entrevistas que eu assisti, essa foi a que mais gostei: a repórter pergunta o que Fernanda diria pra sua versão mais nova. Ela sorri, pensa um pouco e mexe os olhos como quem busca uma Fernanda específica do passado e responde: Eu acho que, eu não sei, eu acho que Go, Bitch!, o que eu traduziria como Vai lá e faz, menina!.
E nesse ir fazendo, pode acontecer de um dia ser aquele dia que alguma coisa comum tem um brilho diferente e aquilo te leva pra outros lugares comuns e acabe virando um ponto importante da nossa história.
Tenho certeza que você tem um amigo achando que nada acontece na vida dele (tem dias que eu também sou essa pessoa). Aproveita e encaminha esse e-mail pra ele. É um bom texto pra ler domingo.
OBS: Tô feliz de ter elaborado isso. Escrever é mesmo terapêutico.
📌 FIXO
Compartilho vídeos pelo Instagram: @danisantolive.
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Eu gostei de absolutamente todos os caracteres desse texto! <3 Enquanto comento, meu gatinho passeia por mim desde a hora que acordei, nossa rotina matinal. Esse ano minhas resoluções foram fazer minha cama todo dia e tentar começar a fazer minha própria unha, porque uma vez eu li que a gente tem que ter metas pequenas e realizáveis, que isso traz paz interior... O filme é lindo, quando eu vi não aguentei: pausei e te mandei uma msg no meio. Muitos assuntos misturados, mas acho que no fundo é tudo sobre o ir fazendo da vida. É caminhando que se faz o caminho. Ou como diz a canção - que eu amo: “TODO DIA é de viver, para ser o que for e ser tudo”.❤️