Sou de Viçosa, interior de Minas Gerais. Terra do doce de leite e cidade universitária. Aos 18 anos eu disse lá em casa: Mãe, quero fazer cinema na UFF.
Eu não sei de onde tirei isso, mas era certo.
Minha mãe disse de pronto: Tem cinema na UFV? Porque você vai estudar aqui, então se não tiver arruma algo parecido. Tinha jornalismo, era um começo, mas neste mesmo ano, 2001, comecei o pesadelo de uma síndrome do pânico: perdi o ano letivo e também o vestibular.
Uns anos depois, 2004, me inscrevi pro curso de Letras na UFV. Era mais fácil de entrar, eu tava meio sem expectativa de vida por conta do pânico, gostava muito de escrever e achei que seria possível. E foi.
Então passei vários anos com essa ideia de cinema meio apagada aqui dentro. O mais próximo que eu chegava era alugar filmes “mais alternativos” que a moça da locadora indicava.
Um dia, no Facebook, vi uma chama de oficina “Análise da Linguagem Cinematografica”, em Belo Horizonte. Me inscrevi, fui selecionada e parti pra capital.
UHULL
Eram 2 dias de curso. O ministrante, Cléber Eduardo, explicou sobre planos, trilha, movimentos cinematográficos e um tanto de coisa que explodiu minha cabeça! Mas ele também falou uns nomes que me deixaram totalmente perdida, enquanto as outras pessoas concordavam com a cabeça e teciam outros belos comentários.
Eisenstein, Kurosawa, alguma coisa Varda: nada disso fazia sentido e na hora só veio um pensamento: Gente, o que eu to fazendo aqui com essas pessoas que sabem tudo de cinema? Eu sou muito burra, quero ir embora. No final da oficina ele fez um anúncio: ia passar um curta metragem pra gente analisar e as pessoas que fizessem as melhores análises seriam convocadas pra ser o Júri Jovem da Mostra de Cinema de Tiradentes do ano seguinte.
A sala toda fez: Uau!
Eu fiz: Menor chance.
Sai da oficina, encontrei minha namorada da época, contei o caso e disse: amanhã não volto. Eu não conheço ninguém que o pessoal lá comentou e não quero participar desse trem de júri jovem. Vou evitar esse constrangimento.
Mas ele me deu o primeiro dos vários apoios que me levaram de encontro ao cinema dizendo: Dani, e o tanto de coisa que você sabe? Só porque você não conhece o grande fulano do cinema, não quer dizer que você não conhece outras coisas. Vai lá, pega o que vc aprendeu na oficina, junta com o que tem dentro de você e escreve o melhor texto que você puder.
Assim eu fiz. No final do segundo dia de oficina eu saí pra jantar, depois cheguei no hotel e minutos depois recebi um e-mail: Você você selecionado como Jurí Jovem da 13 Mostra de Cinema de Tiradentes.
Fui pra Tiradentes, pela primeira vez na vida e fiquei totalmente imersa no universo do cinema por 10 dias. Aquela era a realização de um sonho que eu nem sabia que tinha.
Minha primeira vez na Mostra de Cinema de Tiradentes não poderia ter sido mais especial. E a melhor parte veio com a vida: eu voltei tantas outras vezes, de tantas formas diferentes na Mostra, que ela, pra mim é como um lindo album dos registros de uma vida cinematográfica cheio de desvios, mas que tá ali.
Participei da Mostra como Júri Jovem, como aluna de diferentes oficinas, como público, dividindo casa com outros 10 desconhecidos que viraram amigos, como realizadora e como público local, quando morei aqui.
Eu, realizadora, em 2018. Queria as fotos do Juri Jovem, de 2008, mas na época era orkut, não salvei as fotos e perdi. Ficou tudo na memória.
Não tem uma experiência que foi melhor que a outra, até o momento. O que tem é um amor por essa Mostra e por tudo o que ela fez na minha e que ainda vai fazer.
Hoje é domingo, dia de descanso, talvez pra você.
Pra mim é dia de muito trabalho porque tô participando da Mostra de um outro jeito diferente: nesta edição, que tá acontecendo nesse momento, integro, com muito orgulho, a equipe de comunicação, na cobertura das redes, fazendo vídeos.
O texto de hoje é menor e foi escrito entre um intervalo e outro, aqui em Tiradentes. Escrever enquanto a gente vive é gostoso, né, mas dá uma visão muito limitada de tudo.
Tiradentes é um ponto muito peculiar na minha vida e estar aqui hoje, tá carregado de diferentes emoções. Por esse motivo, no próximo domingo, o papo continua a ser sobre a cidade, mas sem cinema.
🎞️ QUE CINEMA É ESSE?
Esse é o tema da MOstra de Cinema de Tiradentes esse ano. Ela tá rolando desde o dia 24, até o dia 02 de fevereiro. A programação é gratuita e pode ser acessada AQUI. E se quiser acompanhar tudo pelas redes e ainda ver o trabalho que tô fazendo com uma equipe linda (Carol Braga, Carol Marques e Guilherme Silva), clique AQUI.
Você mora por perto? Então vem. Sério mesmo.
📌 FIXO
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